quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A queda na taxa SELIC faz pouca diferença para o consumidor

Depois de haver chegado próximo a 10% ao ano e subido a 12,5% com o temor do crescimento da inflação o Banco Central surpreende o mercado com uma redução de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic) para 12% ao ano.
Por trás desta medida está a tentativa de minimizar o impacto negativo da redução da atividade econômica que pode se agravar com o possível aprofundamento da crise externa causada pela descontrole do endividamento de países importantes no cenário mundial e da conseqüente recessão que gera entre outros impactos a redução de consumo de sua população.
No Brasil, o Banco Central se antecipa com a redução da taxa básica de juros acenando para o mercado que a expectativa da inflação está sob controle e para manter a atividade econômica e assegurar que a crise internacional não tenha impacto significativo na economia brasileira.
E, qual o impacto que esta redução dos juros pode causar no bolso dos consumidores?
Muito pouco no curto prazo segundo avaliação da Anefac - Associação Nacional dos Executivos de Finanças. A variação entre a taxa Selic e as taxas cobradas ao consumidor é muito significativa, por isso a diminuição pouco afetará o bolso daqueles que fizeram empréstimos ou estão pagando dívidas.
Segundo levantamento da Anefac, o juro médio do cheque especial, que antes da mudança estava em 159% ao ano, agora deve ficar em 158%, ou seja, um consumidor que utilizar R$ 1.000,00 por 20 dias no cheque especial e pagaria R$ 55,13 de juros, agora pagará R$ 54,87, uma redução de apenas R$ 0,26.
Segundo este mesmo levantamento, a taxa de juros média cobrada pelo cartão de crédito hoje na casa de 238% ao ano e as taxas de empréstimo pessoal feito por financeiras na casa dos 190% terão impacto similar, ou seja, redução muito pequena para qualquer pessoa que se utiliza destes instrumentos e nenhum motivo para qualquer tipo de comemoração.
O que realmente acontece é que o spread das taxas praticadas pelos bancos (diferença entre os juros cobrados e o juro que eles pagam aos clientes para utilizar o dinheiro aplicado) ainda é muito alto e, um corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juro resulta praticamente em um corte do mesmo tamanho na taxa anual de juros praticado com os consumidores.
Apesar do corte ter causado surpresa, a questão é mais psicológica de inversão de expectativas já que no campo das aplicações financeiras, o impacto é imediato, porém na ponta do crediário, se acontecer alguma redução sempre demora mais para o impacto chegar aos consumidores.
E haverá mais cortes?
Resta saber se o Banco Central vai continuar adotando o mesmo tipo de medida nas próximas reuniões ou se foi um corte meramente casual, porém é importante que este processo continue, para mostrar que a intenção do governo estaria bem em linha com a promessa da Presidência de aumentar o superávit primário (economia para pagar juros da dívida pública) e fazer um colchão de poupança para reduzir a taxas de juros.
Para os consumidores, estes ainda terão que esperar outras medidas para reduzir o custo dos seus empréstimos e financiamentos, pois o spread dos bancos deve continuar no mesmo patamar extremamente alto, que é a principal fonte de geração de lucros das instituições financeiras aqui no Brasil.

Uma recente iniciativa do Banco Central é de publicar as taxas médias praticadas por cada instituição financeira no sentido de informar aos consumidores melhores opções de financiamento e de estimular a competitividade entre elas. Vamos aguardar o impacto destas iniciativas já que o Brasil segue disparado como campeão mundial das taxas de juros praticados com os consumidores e tomadores pessoais de recursos.

Vanderlei Corral
34-9198.5957