sábado, 4 de junho de 2011

As perspectivas para a construção civil em 2011

A construção civil brasileira está passando por uma ótima fase e um momento de grande expansão com crescimento ao redor de 11% em 2010, nível recorde para o setor que pela primeira vez teve um crescimento de dois dígitos sendo que para o ano de 2011 é previsto um crescimento da ordem de 8,6%.
É uma atividade econômica de longo prazo, representada por um ciclo de investimentos com duração de 24 a 36 meses e a aposta do Governo pela expansão de programas de moradia popular, o maior poder aquisitivo das classes populares e a realização de eventos esportivos de grande envergadura, impulsionam o setor.
A criação do programa "Minha casa, minha vida", é um dos grandes propulsores desta marca onde o Governo brasileiro concedeu uma série de benefícios fiscais para as construtoras e consumidores, a fim de suprir o atual déficit de seis milhões de residências no país, devido ao fato de nos últimos vinte anos terem inexistido planos de habitação, dando causa ao desordenamento urbano, à concentração demográfica nas grandes cidades, moradias sem requisitos básicos, além de acentuar o crescimento do número de favelas no território nacional.
Houve também na ultima década uma melhora no poder aquisitivo das classes de baixa e média renda e, com esta ascensão social, um aumento correspondente na demanda de casas, apartamentos, lugares de recriação, hotéis, restaurantes.
Por fim, porém não menos importante, o setor ainda terá um maior crescimento com as obras para receber a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos do Rio 2016 pela aceleração do ritmo das obras a partir deste ano em função do cumprimento dos seus prazos de construção.
Estes fatores são fortes impulsionadores do crescimento da economia e do emprego no setor. Apenas como exemplo desta força propulsora, o setor foi responsável por uma adição de três pontos percentuais no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país que em 2010 foi de 7.5%, o maior da ultima década.
Na outra face desta boa notícia, encontra-se a necessidade de se prover recursos para continuar alimentando todo este crescimento.
Pelo lado financeiro, o Banco de Exportação e Importação dos Estados Unidos (Eximbank), promete conceder empréstimos por um valor inicial de US$ 1 bilhão às empresas que farão as obras para os eventos da Copa de 2014 e dos Jogos Olímpicos, enquanto para as obras de casas e moradias o crédito imobiliário continuará puxando o crescimento, com destaque para lançamentos voltados para famílias de baixa e média renda.
Pelo lado dos recursos físicos existem certos gargalos que necessitam atenção dos órgãos competentes. Um dos quais é a necessidade iminente de um aumento da produtividade e da capacitação para melhorar a qualidade da mão-de-obra utilizada pelo setor e também o aumento da oferta de produtos "ecologicamente corretos” para um crescimento sustentável. A outra é a escassez de terrenos, principalmente para a construção de interesse social nas regiões metropolitanas.
Outro ponto preocupante é o aumento do custo da construção civil. O Índice Nacional da Construção Civil (INCC) em 2010 foi de 7,8% e até abril deste ano já acumula 2,2%, projetando um valor muito acima da meta da inflação de 4,5% prevista para o ano. O que mais pressionou este índice em 2010 foi o custo da mão de obra e há um sentimento de que este será um dos grandes problemas a ser enfrentado pelo setor em 2011.
Esse diagnóstico explica porque o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou, a prorrogação por um ano, dos incentivos a produtos do setor, como a desoneração do IPI e a manutenção do sistema vigente na cobrança do PIS/Cofins. Os empresários da construção civil expressaram sua satisfação e otimismo embora tivessem manifestado a necessidade de medidas complementares ao fortalecimento da aludida atividade econômica, cuja validade é indiscutível. 


Vanderlei Corral
Consultor Empresarial e Coach
Gestão Empresarial, Finanças e Controladoria